Tem coisa que eu devia guardar pra mim #3
Isso não é um texto engraçado. É um pedido de socorro.
Humor não é o meu nicho. Se você me pedir pra contar uma piada nesse momento eu simplesmente não vou saber o que fazer, mas por alguma razão desconhecida tem gente que me acha engraçada.
Em maio desse ano eu fui convidada a colaborar no blog da Maqui Nóbrega e da Karol Pinheiro para escrever Crônicas Bem-Humoradas. Só que até esse momento eu não achava meus textos engraçados. Inclusive esse feedback que recebi das duas fez com que eu desenvolvesse um baita de um bloqueio criativo porque comecei a me forçar a ter graça e achava qualquer coisa que eu fazia medíocre. Por sorte deu tudo certo quando eu simplesmente resolvi narrar minhas derrotas cotidianas.
Por isso eu cheguei a conclusão de que as pessoas veem graça na minha desgraça. Toda vez que eu conto alguma situação desesperadora tem alguém que dá risada. E não é como se eu usasse da tragédia para transformar num stand up e entreter meus amigos. Na maior parte das vezes eu só to desabafando.
Eu sou atriz e ano passado resolvi fazer um curso com uma preparadora de elenco que eu admiro muito. Na primeira aula eu estava muito nervosa em falar com ela e quando eu fico nervosa as palavras simplesmente saem vomitadas da minha boca. Eu perco o controle do que to falando e passo do ponto.
No momento de me apresentar eu simplesmente disse que chorei no dia que paguei o curso (o que era verdade) e que não sabia se tinha chorado pela emoção de fazer um curso que queria muito ou por ver R$800 saindo da minha conta de uma vez só (o que também era verdade). Resultado: ela me achou tão engraçada que me deu uma cena de comédia para o curso e foi a PIOR entrega da minha vida. Eu detestei e acabei até faltando nas últimas aulas por achar que tava horrível.
Ou seja, eu já entendi que quando é pra ser engraçada eu simplesmente não consigo ser. E quando eu estou no meu estado normal de desespero e depressão, todo mundo me acha cheia de graça.
E daí que eu fico num limbo infinito, porque eu tive um blog entre 2010 e 2014 no qual postava um monte de texto triste sobre minha vida amorosa. Eu hitei, todo mundo amava, compartilhava, se sentia representado. Virou até um e-book que você pode comprar aqui por menos de R$3.
Acontece que em dezembro de 2014 eu comecei a namorar. Continuo namorando a mesma pessoa e estou absolutamente feliz no meu relacionamento. A PARTIR DESSE DIA, minha carreira como cronista dramática acabou. Simplesmente não consigo mais atingir esse público por estar realizada romanticamente.
O que isso significa? Que eu só presto produzindo deprimida.
Então caso vocês queiram continuar me lendo, torçam pelo meu fracasso.
Agora se eu desaparecer, saibam que deu tudo certo na minha vida.
Essa newsletter voltou.
Isso só pode ser um mau sinal.
Olá Carol, não sei direito como te achei, mas te achei. Faz tempo que queria vir aqui deixar um comentário pra você.
Gostei tanto do nome da tua newsletter, que ela ficou na minha cabeça e num impulso de escrita, acabei te citando por lá. Infelizmente, aqui não funciona como no instagram que a gente "tag" alguém e essa pessoa vê o post (ou se isso é possível, eu ainda não entendi como!). Enfim, vim aqui te contar isso e dizer que gostei dos posts e pelo visto está tudo bem por aí, já que você não voltou mais rs ;)
Super beijo e ah, o post, onde te citei é o #4 lá na minha news!