Tem coisa que eu devia guardar pra mim #5
Cê já teve um crush de amizade?
Sim, é sexta-feira, quase fim do expediente e eu venho com essa. Mas é uma dúvida genuína. Já teve alguém que você olhou e pensou “putz, eu seria amiga dessa pessoa”?Isso acontece comigo com bastante frequência até.
Tinha uma mulher que eu achava incrível. Ela era estilosa, parecia muito legal, era independente e tava sempre em vários rolês legais.
Daí um dia aconteceu da gente estar na mesma roda de conversa. Eu fiquei bem animada porque ali poderia nascer a nossa amizade. Foi ela abrir a boca e parecia que eu tinha enfiado minha cabeça no vaso sanitário de um banheiro público no carnaval.
Não é que ela falava merda. Ela falava merda, mijo e vômito. Em dez minutos ela conseguiu violar todos os direitos humanos existentes e alguns que eu nem sabia que existiam. De longe, se eu tivesse assistindo aquela mulher no mudo, acharia que ela era incrível. MAS EU TAVA OUVINDO TODA E CADA ABOBRINHA QUE ELA FALAVA.
Foi o maior trauma de crush de amizade da minha vida. Era óbvio que eu não queria ser amiga dela nem por dívida de jogo!
Não tem como saber se seria legar ser amiga de alguém. A não ser que a gente conheça muito a pessoa. Mas se a gente conhece muito a pessoa e não somos amigas, provavelmente é porque ela não quer ser nossa amiga, não é? Quanto a isso não tem muito o que fazer.
E por falar em crush, eu AMO o fato das pessoas usarem crush pra dizer que estão a fim de alguém. Porque na minha época a gente falava eu tô gostando de alguém.
E gostar é muito pesado pra alguém que você quer só dar uns beijos. A palavra gostar já vem carregada de expectativa. Mas se você tem só uma quedinha por alguém é um lance mais descompromissado. Parece que a ideia de crush vem sem sofrimento.
Uma pena que não era usada quando eu era adolescente e todo rolinho que eu tive foi um sofrimento de meses.
No “Mas que galera chata do caralho” de hoje, a chata sou eu.
Vou contar pra vocês o que é provavelmente meu segredo mais obscuro.
Eu já fui bloqueada no linkedin.
Bloqueada mesmo. Por uma pessoa. Alguém que se deu ao trabalho de procurar o meu nome exclusivamente para me dar um block.
Alguém que nunca trabalhou comigo e que provavelmente nunca ia trabalhar. E o que eu fiz pra tomar o block? Até hoje eu não sei, mas eu tenho plena consciência de que eu fiz alguma coisa, não to tirando o meu da reta. Ninguém toma um block no linkedin de graça.
Mas é tão emblemático, né? Ser bloqueada na rede social mais babaca da internet.
Eu meio que sei que ela pegou ranço de mim porque comprou uma treta com outra pessoa, que foi uma questão essencialmente pessoal, mas às vezes eu me pego pensando: o que levaria você bloquear alguém no linkedin por uma questão profissional?
A pessoa que foi demitida de uma empresa tóxica e postou textão agradecendo a nova etapa.
Quem reclama do trabalho todo dia, mas posta foto agradecendo a pizza que o chefe mandou naquela hora extra que não será paga.
O stalker que quer saber onde você trampa.
Seu ex-chefe assediador.
Aquela amiga que conseguiu a vaga que você queria porque é nepo baby.
Gente que defende a volta para o presencial.
O coach que fez palestra na firma falando que o bom funcionário não tem hora pra sair.
Aquela galera do 5 am. club, trabalhe enquanto eles dormem.
O colega que roubava a sua marmita.
Eu.
Chega.
Tô falando mais asneira que a minha ex-crush de amizade.
Vamos sextar.
Até mais.